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Mostrando postagens de 2016

LITERATURA FEMINISTA: CRÔNICAS, (MINI)CONTOS, POEMAS, RESENHAS E MAIS!

Não são as feministas que são feias e mal-amadas, você que é um macho frustrado

Os machistas nunca têm argumentos bem fundamentados para refutarem o feminismo, a prova disso é que sempre apelam para a estética ou moral das mulheres feministas as chamando de "gordas", "feias", "peludas", alegando que elas têm "cabelo ruim", que são "mal-amadas", "vadias", pois não conseguem refutar a nível discursivo as feministas com as quais discutem, dessa forma, eles enquanto seres majestosos e sapientes que são (só que não), recorrem, em geral, para a discriminação estética ou moral, numa tentativa de diminuir a opinião da mulher ao inferiorizar seu corpo, sua cor, seu cabelo, entre outros aspectos físicos, assim como suas relações pessoais com as outras pessoas, ao afirmarem que feministas são ''mal-amadas", "mal-comidas", "mulheres com falta de rola", "mulheres que não transam" ou "putas", o que é uma contradição evidente, pois ou você é uma puta (na sing

Relato de uma leitora: Precisamos falar de assédio sexual na escola

''Olá, tenho 12 anos, estou no sétimo ano e quero contar o que aconteceu comigo. Eu estava em um momento terrível na minha vida, onde eu mal tinha amigos, porque todos haviam revelado serem o oposto, eu me sentia muito mal por guardar tudo o que eu estava passando para mim, então, por achar ele meu amigo, pelo menos é o que eu considerava, comecei à me abrir com meu professor. Depois de um certo tempo, inusitadamente, ele mudou as conversas para conversas mais íntimas, e foi daí que comecei à me desesperar. Contei tudo para minhas amigas, que foram de total importância neste momento, eu estava me tratando de um quadro depressivo, e isso só me prejudicou. Ele pedia constantemente para ter relações sexuais comigo, insistia em encontros, pedia fotos íntimas, eu chorava muito, descontava em mim mesma, meus braços viviam mutilados, eu estava me isolando de tudo e o medo estava me consumindo, única força que tive foi de meus amigos mais próximos, duas meninas e um menino. Foi se

O ódio contra as feministas é a demonstração do ódio institucional contra as mulheres

Feministas, as filhas de satã. Bruxas. Putas. Degeneradas. Mal-comidas. Mal-amadas. Mulheres-machos. Histéricas. Feias. Peludas que usam sangue de menstruação em pactos com o diabo. Anti-higiênicas. Imorais. Misândricas opressoras de machos. Loucas que buscam privilégios para as mulheres. Assassinas de bebês. Cortadoras de bilaus. Destruidoras da família, da moral e dos bons costumes. Esses são alguns dos discursos antifeministas usados para deslegitimar e difamar a luta das feministas na e para a sociedade. Antifeministas criam estigmas sociais, discursos e imagens problemáticas associadas ao feminismo para fazer com que as pessoas, sobretudo as mulheres, odeiem as feministas. Isso explica o fato de que apesar de toda sua história, lutas e conquistas em prol das mulheres, ainda hoje existem pessoas que desprezam o feminismo. Esse ódio desmedido contra as feministas é a demonstração do ódio institucional contra as mulheres, é uma expressão direta da misoginia, isto é, do ódio

Quem tem medo de mulher empoderada?

Mulheres empoderadas, decididas, livres, leves, soltas! Mulheres que tomam as decisões sobre a própria vida sem se deixarem intimidar ou limitar pelas expectativas alheias. Mulheres agressivas, duras e diretas. Mulheres subversivas, ativas, fortes. Mulheres belas, desbocadas, do bar. Mulheres que se amam. Mulheres que se acham (e são) bonitas independente dos padrões. Mulheres que lutam. São essas as mulheres que o patriarcado teme. Que os machos temem. Que muitas mulheres, infelizmente, temem.  O patriarcado espera de nós abnegação, subserviência, submissão e docilidade. Espera que sejamos belas, recatadas e do lar. Nos limita aos espaços domésticos, a inexpressividade do ser. A recusa calada. A dor sufocada. O grito calado. A revolta controlada. A censura internalizada. A violência aceita e romantizada. O patriarcado não quer que nós mulheres sejamos livres. Ele prende-nos em suas prisões. Prisões do corpo. Prisões dos sentimentos. Prisões da mente. Prisões da alma. Somos

Feminista e cristã?

Um comportamento que vem me incomodando muito nos espaços feministas virtuais consiste em algumas problematizações inócuas, como as que questionam se "dá para ser feminista e ser cristã?" ou as que perdem o teor de questionamento, logo de incerteza, e afirmam como verdade universal a ser seguida que ''não dá para ser feminista e ser cristã'', pergunta e afirmação essas que, geralmente, são levantadas aparentemente apenas com o objetivo de gerar polêmica ou de deslegitimar vivências plurais, pois não levam, na maioria das vezes, a uma discussão respeitosa, séria e útil. Vou na contramão da reprodução dessa ideia e afirmo que ser cristã, por si só, não impede nenhuma mulher de ser feminista. Ser cristã fundamentalista, alienada e/ou intolerante é que impede a mulher de ser feminista. Aliás, a impede não só de ser feminista, mas também de ser sensata. Essas assertivas podem ser legitimadas se partimos da ideia genérica de que feminista é a mulher que luta

Feminismo, uma questão de igualdade ou de equidade?

Para mim, feminismo não é sobre ''igualdade de sexo'', ''igualdade entre os gêneros'', ''igualdade entre homens e mulheres''. Isso nunca vai existir. Mulheres e mulheres não são iguais, muito menos mulheres e homens. Feminismo não existe para pregar que mulheres sejam iguais aos homens. Eu não quero me igualar a um gênero opressor. Eu não quero que ocorram 5 espancamentos de homens, por mulheres, no Brasil, a cada 2 minutos. Eu não quero que 1 homem seja estuprado a cada 12 minutos no Brasil. Eu não quero que a cada 90 minutos 1 homem morra por questão de gênero. Eu não quero que cerca de 180 homens, por dia, relatem agressões sofridas em um sistema de atendimento de denúncia só para homens. Eu não quero que 43 mil homens sejam assassinados, 43% em casa, em 10 anos, por mulheres só por serem homens. Eu não quero que homens ganhem menos que mulheres só por serem homens, mesmo havendo na lei que não é permitida discriminação por gênero

Relacionamentos abusivos nossos de cada dia

Quando a gente fala em relacionamentos abusivos, geralmente vem à mente aquele quadro que figura um casal hétero/cis, no qual a mulher sofre por causa de comportamentos abusivos, violentos, machistas e misóginos do macho escroto seu companheiro. Contudo, as relações abusivas não se limitam as relações entre homens e mulheres cis/héteros. Casais formados por gays, lésbicas, bissexuais, pansexuais - entre outras sexualidades - incluindo não só pessoas cisgêneras, mas também trangêneras/transexuais, também estão sujeitas a comportamentos abusivos, assim como as relações entre pais e filhos, entre amigos, entre professores e alunos, chefes e empregados, entre outros, também podem ser abusivas. A grande massa de relações abusivas entre casais é, de fato, a constituída das relações entre homens e mulheres héteros. Uma hipótese que fundamenta esse fato é a socialização díspar de gênero, a qual ensina os meninos, desde cedo, a tentar ter controle sobre as meninas e essas, diante diss

Maternidade e feminismo, um diálogo pertinente

A maternidade é um tema caro a vida das mulheres, logo ao feminismo. Discutir a maternidade de forma política é tanto apontar o direito da mulher de ser mãe e de vivenciar uma maternidade plena, consciente e desejada quanto apontar o direito da mulher de escolher não ser mãe, porque experienciar a maternidade não está nos planos de vida dela. Ambas as pautas do ser ou não ser mãe sugerem outras pautas para discussões, tais como maternidade compulsória, romantizada e socialmente construída para oprimir as mulheres, silenciamento das mulheres que são mães dentro e fora do movimento feminista e a repressão que as mulheres que (não) são mães sofrem, socialmente. Ser mãe deve ser uma escolha, não uma obrigação para cumprir uma convenção social pintada de "destino de mulher". Ter um útero e ser fértil não é pré-requisito para uma mulher querer ser mãe ou ter necessariamente que ser mãe. Nós mulheres somos mais que nossos úteros. Somos mais que a romantização social matern

Afinal, o que é feminismo interseccional?

Feminismo, de forma genérica, é um movimento sociopolítico que busca uma sociedade livre do patriarcado, entendido aqui como o sistema de dominação-exploração da mulher pelo homem. Com o fim do patriarcado, espera-se, sobretudo, que as mulheres não sofram mais com a opressão de gênero, que as relações sociais entre homens e mulheres não sejam tão assimétricas e que as mulheres sejam ensinadas a se empoderarem, não a se alienaram diante de seu gênero. Todavia, apesar de "feminismo" ser geralmente usado no singular, a ideia que ele contempla deve ser vista no plural, pois não existe "um feminismo", mas feminismos ou movimentos feministas, heterogêneos, plurais e com suas próprias formas de articulação e promoção de pautas a respeito dos direitos das mulheres, o que fica evidente com as suas mais variadas vertentes.  O feminismo interseccional (ou intersec) é uma das vertentes do movimento feminista. Ele diz respeito as intersecções ou recortes de opressões e

Todos podemos falar sobre os direitos das minorias políticas: os limites entre protagonismo e lugar de fala

"Sou homem (cis), posso falar de machismo? Posso defender as mulheres?''    "Sou branca, posso falar de racismo? Defender as pessoas negras?" "Sou hétero-cis, posso falar de LGBTfóbia? Defender LGBTs?''  Toda vez que tiver dúvida, por receio de estar ''silenciando'' alguém, se você deve ou não falar sobre algo, lembre-se daquela ''perguntinha chave'' da sociolinguística: quem diz o que, a quem, como, quando, onde e com que intensão comunicativa. Silenciamento, "roubo de protagonismo", "lugar de fala", são termos relativos que se constituem dentro da situação de comunicação. Não devem ser usados a torto e a direito como escudo de divergências ou como fala absoluta, única e universal.  Não defendo a ideia de que somente o oprimido de uma opressão pode falar sobre ela. Não apoio a ideia do "sem vivência, sem opinião" de forma generalizada. É problemático isso ser assumido de f

Sobre o machismo dos homens que brigam na internet para serem chamados de feministas

Um macho, ou melhor, mais um, me chamou de feminazi, ou seja, me comparou aos nazistas, só porque eu defendo a ideia de que macho pode ser, no máximo, pró-feminista, jamais feminista. Para quem faltou as aulas de português: o PRÓ é um prefixo que, aliado a palavra feminista, indica APOIO.  Vou repetir: a p o i o. Não é exclusão, segregação, negação de ajuda ou apoio como muita gente pensa. Macho que quer apoiar o movimento não vai chorar na internet carteirinha de feminista. Macho que fica insistindo para ser chamado de feminista é macho escroto que só quer silenciar mulher, "pegar'' mulher ou ganhar ''biscoito'' de mulher, ao bancar o desconstruidão. Irei exemplificar isso. Um caso recente de feminicídio na Argentina , no qual uma adolescente de 16 anos foi drogada, estuprada, empalada e assassinada por no mínimo três homens, foi o estopim para que mulheres participantes de coletivos feministas organizassem protestos em várias cidades da América Latina, pa